A valorização de vidas no sistema brasileiro de segurança pública e a ação dos policiais brasileiros é assunto que não se esgota, e considerado por muitos especialistas do tema, um problema grave e estrutural.

Ao falar de segurança pública no Brasil, imediatamente os cidadãos associam ao aumento ou redução da violência como responsabilidade única das atividades policiais. No entanto, os agentes de segurança pública estão inseridos em uma estrutura e sistema arcaico, predominantemente militarizado, distante da sociedade e da possibilidade de atuação autônoma, efetiva e responsável.

Em países desenvolvidos as mudanças foram significativas em todo o sistema de políticas públicas, inclusive na segurança, que tem forte e direta ligação com os demais serviços públicos, priorizando e promovendo o respeito à vida e à dignidade humana.

A prestação de serviço de segurança pública vai além da aplicação das leis, e necessita de políticas transversais que envolvam as áreas de saúde, educação, justiça e trabalho visando ao efetivo sentimento e condições reais de segurança. Da mesma forma, a elaboração de políticas públicas deve permear e promover melhores condições de trabalho, de saúde e de desenvolvimento humano aos agentes de segurança pública.

Em países como o Brasil, a atividade policial é considerada uma das profissões mais estressantes, na qual, os profissionais atuam constantemente com a falta de investimentos em pessoal, equipamentos e infraestrutura, somado a violência e às péssimas condições de trabalho que geram e reproduzem uma série de graves transtornos traumáticos. Alguns profissionais ainda citam recorrentes casos de assédio moral e sobre a falta de programas de saúde mental e apoio aos familiares, quando se tornam vítimas de ocorrências fatais.

O distanciamento da atividade policial da convivência sadia e integrada à sociedade e do reconhecimento pelos trabalhos prestados na promoção da estabilidade e da paz social, produz uma relação antagônica que fere a confiança, o princípio de proteção e preservação da vida humana em segurança.

Para o ILAES é importante centralizar ações de segurança no Ser Humano e implementar medidas que promovam a educação e valorizem vidas. Investir no desenvolvimento de programas de formação e capacitação dos policiais, na governança de seus atos, com conceitos e métodos que primem pela técnica, pela inteligência e preservação da vida humana, são de extrema importância para a eficiência e promoção da segurança pública.